Propriedades, adquiridas para gerar renda, acabam dando prejuízo
Na metade de agosto, o governo do Rio Grande do Sul surpreendeu servidores e usuários ao apresentar o Projeto Especialização, que divide o Instituto de Previdência Social do Rio Grande do Sul (Ipergs) em duas autarquias: o IPE Saúde e o IPE Prev. A reestruturação do instituto foi lançada como uma medida para retomar o crescimento econômico do Estado. Aliás, essa é uma estratégia comum adotada pelo governo de José Ivo Sartori – a última alternativa para a recuperação do Estado foi o anúncio de venda de ações do Banrisul.
Surpreende, entretanto, que, em meio a um cenário aparentemente desesperador, o IPE seja dono de 265 imóveis espalhados por todo o território gaúcho. E surpreende ainda mais constatar que a maioria deles não esteja gerando receita, originando apenas gastos aos cofres do Estado.
De acordo com o instituto, os imóveis foram adquiridos ao longo dos seus 86 anos de existência para geração de renda. Por força de lei, todos os recursos oriundos de locação ou de alienação desses imóveis são revertidos para o IPE Saúde – braço responsável pelos planos de saúde do órgão.
Além dessas propriedades, o IPE também é agente financeiro ativo de imóveis oriundos de carteira habitacional, criada na década de 1970. O status desse patrimônio se divide em apartamento para leilão (197), em regularização (34, que estão com problemas na documentação ou irregularidades) e inacabados (178, que são condomínios cujas obras ainda não foram concluídas ou não foram regularizadas).
De acordo com uma listagem concedida pelo IPE, 107 desses 265 imóveis próprios estão desocupados. Outros 25 estão invadidos e 14 estão sendo ocupados irregularmente.
O instituto usa, para fins de arquivos, depósitos, estacionamentos ou agências, 51 desses imóveis. Outros cinco estão cedidos e três passam por processo de retomada. Assim, restam apenas 60. Ou seja, dos 265 imóveis, somente 60 estão sob concessão remunerada, gerando renda ao governo gaúcho.