Alterações envolvem pastas que integram ‘núcleo duro’ do Piratini
A iminência da saída do PDT da base do governador José Ivo Sartori (PMDB) pode adiantar uma reestruturação do secretariado estadual. Embora pouco esteja definido sobre essa reestruturação, uma reunião entre Sartori e parte de seu secretariado nesta quartafeira pode deixar as mudanças mais delineadas. Dentre as hipóteses levantadas, está a realocação de Cezar Schirmer – que renunciou à prefeitura de Santa Maria em setembro passado para assumir a Secretaria de Segurança – para o lugar de Márcio Biolchi (PMDB) na Casa Civil.
Já Carlos Búrigo (PMDB), secretário de Governo, pode substituir Giovani Feltes (PMDB) na pasta da Fazenda. Com a incerteza sobre a permanência de Biolchi dentro da administração direta do governo Sartori, há a possibilidade de ele reassumir o mandato de deputado federal, atualmente ocupado pelo suplente Jones Martins (PMDB). Contudo, em princípio, os trabalhos se mantêm na normalidade dentro da Casa Civil estadual. Por parte do PDT, o secretário de Obras, Gerson Burmann, anunciou que deixará a pasta e retornará para a Assembleia até o fim deste mês.
O partido também ocupa a Secretaria de Educação com Luís Antônio Alcoba de Freitas, que terá que deixar o cargo caso a decisão seja definitivamente concretizada. De acordo com Gilmar Sossella, líder da bancada do partido na Assembleia, o ideal seria que se ouvisse todas as coordenadorias para tomar a decisão, da mesma forma que ocorreu quando o PDT saiu da base do ex-governador Tarso Genro (PT) em 2013. O deputado diz que a consulta com as instâncias partidárias estaduais é importante, pois o “partido decidiu entrar no governo por esmagadora maioria”, e que a decisão de saída deve ocorrer da mesma maneira.
Sossella diz que um dos critérios importantes a serem avaliados é a proximidade das eleições de 2018 e a possibilidade de que o partido tenha candidaturas próprias tanto ao Piratini quanto à presidência, e que “se o PDT tiver candidato, não é correto continuar no governo”. Contudo, ressalta que a decisão da reunião será soberana e que seguirá o que for determinado. Caso se mantenha a tendência de deixar o governo Sartori, será a terceira vez seguida que o PDT toma essa decisão enquanto integrante do governo estadual.
O partido integrou a base dos ex-governadores Tarso Genro e Yeda Crusius (PSDB), e optou pela independência antes do período eleitoral. Em 2007, o PDT decidiu sair da base de apoio de Yeda após a demissão do então secretário de Segurança Pública Ênio Bacci em meio a desentendimentos entre Bacci e o Piratini. Já em 2013, a saída do governo Tarso foi motivada principalmente pela escolha de Vieira da Cunha como candidato da sigla para concorrer a governador em 2014. Embora o discurso de Sossella deixe a provável saída do PDT análoga ao caso de 2013, há um grupo de deputados, especialmente Bacci e Juliana Brizola, que vêm vocalizando críticas ferrenhas ao pacote de reestruturação estadual encaminhado pelo Piratini à Assembleia.
.